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Arquitetos: Taller Gabriela Carrillo
- Área: 700 m²
- Ano: 2020
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Fotografias:Rafael Gamo
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Casa Pedra está localizada em Brisas Marqués, um loteamento residencial em uma das penínsulas que circundam a tradicional Baía de Acapulco, no estado de Guerrero, México. A característica essencial deste conjunto é que está localizado num depósito de rochas graníticas de grande antiguidade que definem o tipo de solo da baía. Em um terreno de 1.000 metros quadrados, localizado a 100 metros acima do nível do mar e a 300 metros do limite do mar, a propriedade quase regular, cheia de restrições, apresentava alguns desafios importantes a serem resolvidos.
Em primeiro lugar, preservar ao máximo o espírito rochoso encontrado, um imenso mar de pedras, particularmente dois enormes pedaços de mais de dois metros de diâmetro no centro do terreno. Em segundo, diluir a escala da casa na topografia com mais de 17 metros de desnível do ponto mais baixo, procurando o ponto de equilíbrio onde o mar espreitava, o vento corria e a rocha existente no coração do projeto deslizava sob o alpendre para esfumaçar os limites entre o terreno natural e as intervenções humanas.
Uma intervenção que fosse capaz de mudar a escala, de resolver um desenho simples onde o "quadrado" se desdobra a partir do chão de pedra e uma singela baía abriga no seu nível mais alto os quatro ambientes do programa intimista assentados sobre a pedra central, para depois se encaixar na topografia.
A complexidade da casa não está no sistema regular, mas nos encontros com a natureza das pedras, das árvores e das curvas de nível existentes. Na busca por criar áreas sociais totalmente abertas, com apenas alguns elementos fechados como a cozinha principal e a sala de televisão, mas sempre vendo e homenageando as rochas.
Reduzir a arquitetura ao mínimo para encontrar nos cenários e nos horizontes infinitos da piscina, do mar e da floresta a construção espacial. Uma casa que não tem frente nem fundos, mas que se abre para várias paisagens com a mesma hierarquia; encontrar nos diferentes níveis a oportunidade de abrigar as áreas de serviço, cisternas, armazéns e um pequeno apartamento independente; criando terraços e espaços de descanso com diferentes oportunidades de vistas e insolação em estreito diálogo com a natureza, as rochas, as árvores e a paisagem. A escada é um eixo que percorre todos os níveis, desde o estacionamento até o nível dos quartos, em linha reta, ora contida entre paredes, ora em tensão com a rocha e os espaços.
O sistema estrutural do pórtico cobre, a poucos centímetros da pedra central, uma clareira de mais de 12 metros de comprimento com duas lajes maciças de 20 centímetros de espessura que atingem finos pilares de 7x15 centímetros que se abrem novamente para observar a pedra, sem vigas ou coluna intermediárias. Esta ação é possível graças às vigas vierendeel nas últimas lajes e às paredes divisórias dos quartos que, ao mesmo tempo, permitem liberar completamente as fachadas sul e norte de qualquer elemento de carga; buscando assim o vento cruzado em todos os espaços para evitar o uso de sistemas artificiais, além de favorecer a iluminação e ventilação natural.
Utiliza-se um único material, o concreto pigmentado produto da mistura de cimento local e areia com diferentes estratégias em seus acabamentos finais e pisos antiderrapantes, com pouca reflexão de luz, mas também com baixa absorção térmica para ser possível andar sem calçados. A madeira das fôrmas foi reaproveitada para fazer lambris e estruturas leves, assim como a pedra produzida pelas escavações definiram terraços e muros de arrimo. Painéis solares para a piscina e geração de energia no geral, além de sistemas de tratamento de água, tornam a casa praticamente autônoma da infraestrutura local.
Em essência, a ideia era fomentar uma tensão entre as curvas das pedras e as linhas ortogonais do que se constrói, e outra entre os limites interiores e o horizonte das paisagens.